quinta-feira, 30 de abril de 2009

Com a Bula "Inter Universa" de 30 de Abril de 1489, Inocêncio VIII confirma a fundação do mosteiro da Imaculada Conceição de Toledo, consequentemente de todos os mosteiros que a partir deste forem surgindo, ou seja da própria Ordem da Imaculada Conceição.
Assim sendo, passam hoje 520 da aprovação da Ordem da Imaculada Conceição.

Este é o documento pontifício mais antigo em que se faz menção a Santa Beatriz, nele podemos encontrar as mais antigas e seguras notícias em torno dos princípios da Ordem da Imaculada Conceição, fundada pela Campomaiorense Santa Beatriz da Silva e Meneses.

Bula "INTER UNIVERSA"
1. Inocêncio Bispo, servo dos servos de Deus, aos veneráveis irmãos: os Bispos de Coria e de Catânia e ao amado filho e Oficial da Igreja de Toledo, saúde e bênção apostólica.
2. Considerando que, entre os numerosos ministérios aceites a serviço da divina Majestade, não é de menor importância a fundação de Mosteiros e casas religiosas, onde as virgens prudentes se preparam para sair, com as lâmpadas acesas, ao encontro do Esposo Cristo Jesus, e lhe ofereçam um agradável e obsequioso culto, condescendemos de bom grado aos piedosos desejos de pessoas devotas em ordem à fundação e erecção de mosteiros e casas religiosas, e acedemos favoravelmente às humildes súplicas das mesmas.
3. Assim, pois, como se nos há apresentando recentemente, da parte da amada filha em Cristo, Beatriz da Silva, vizinha de Toledo, uma petição na qual se declara que, em seu dia, nossa filha caríssima em Cristo, Isabel, rainha ilustre de Castela e de Leão, por singular devoção que professa à Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, havia concedido e doado, livre e generosamente, à mencionada Beatriz, desejosa de abraçar a vida religiosa, uma casa grande, denominada Os palácios de Galiana, situada na cidade de Toledo, propriedade legítima da mesma rainha, na qual existe uma igreja antiga ou capela sob a invocação da Santa Fé, com o propósito de fundar nela, em honra do mistério da Conceição, um Mosteiro de alguma ordem aprovada, na qual a mesma Beatriz e outras devotas mulheres, suas companheiras, vivessem sob regular observância e servissem ao Altíssimo e à Bem-aventurada Virgem Maria: e que as já mencionadas Beatriz e senhoras aceitaram, em virtude de tal concessão e doação, a referida casa e desde então a habitaram e no presente a habitam, vivendo em comum e servindo ao Altíssimo e à Bem-aventurada Virgem Maria, com a expressa intenção de que fique constituído ali o citado mosteiro.
4. Pelo qual, se Nos suplica humildemente, de parte de Beatriz, a qual assegura haver nascido de nobre estirpe, e que ela e as citadas senhoras desejam professar a Ordem de Cister, pela devoção que lhe têm, que Nos dignássemos, com benignidade apostólica, erigir na mencionada casa um mosteiro de monjas desta Ordem, sob a advocação da Conceição bem-aventurada, com abadessa, campanário, sino, dormitório, refeitório, claustro, horta, currais e outras dependências necessárias, onde vivam em comum e sob regular observância e em clausura perpétua: e que a mencionada igreja ou capela se lhe destine para igreja ou capela própria: mais outras providências oportunamente previstas.
5. Nós, pois, que com sumo interesse desejamos, especialmente nestes tempos, o incremento do culto, a propagação da religião e a salvação das almas, estimando muito ante o Senhor o piedoso e louvável propósito da rainha e de Beatriz, acedendo a tais pedidos e em atenção também a que a rainha, em pessoa, humildemente no-lo pede, encomendamos por estas Letras apostólicas, à vossa solicitude fraternal que um, ou dois de vós, ou todos três erijais com a nossa autoridade na citada casa um mosteiro de Ordem cisterciense sob o título da Conceição, com categoria abacial, campanário, sino, dormitório, refeitório, claustro, horta, currais e outras dependências necessárias, para uma abadessa que presida às demais monjas da dita Ordem, a saber, para Beatriz e às senhoras que com ela ali moram, se quiserem professar, as quais hão-de viver em comum e sob regular observância e em clausura perpétua; e que elas e o seu mosteiro, da mesma forma que o de São Domingos, de Toledo, da mesma Ordem, denominado «O Velho», e alguns outros mosteiros desta Ordem que estão sujeitos aos Ordinários do lugar, fiquem sob a jurisdição do Arcebispo, que seja, de Toledo, sem prejuízo, além do mais, de terceiro, e salvaguardando sempre em tudo o direito da Igreja paroquial e de outro qualquer: e a referida igreja ou capela entregai-lha para igreja sua perpetuamente; e que concedais à abadessa, que seja, do referido mosteiro e ao seu convento a faculdade de estabelecer alguns estatutos e ordenações louváveis e honestos, que não sejam contrários aos sagrados cânones, os quais as monjas que vivem no citado mosteiro estarão obrigadas a observar perpetuamente, ainda no que se refere à eleição da abadessa, tanto por esta primeira vez como nas que se sucederem; e que a abadessa, que seja, e as referidas monjas levem hábitos e escapulários brancos, e sobre eles, um manto cor celeste, com a imagem da Bem-Aventurada Virgem Maria fixa sobre o manto e o escapulário, e que se cinjam com um cordão de canhamo ao estilo dos Frades Menores: e que em ordem à celebração da Horas canónicas, que devem dizer segundo o costume da Igreja Romana, se observe deste modo, a saber: que, à excepção dos domingos, nos quais deve ler-se por obrigação algum livro já iniciado ou o ofício do dia, e quando se celebram festas de rito duplo ou semi-duplo ou solene, e igualmente nos dias feriais, quando não se pode omitir o Ofício do dia, e nas oitavas das festas assinaladas, nos demais dias, durante todo o ano, hão-de celebrar as horas canónicas maiores e o Oficio Divino do mistério da Conceição; e que nos dias de excepção já assinalados, quando devem dizer as Horas maiores de Domingo ou da féria ou de festa, hão-de celebrar o Ofício Parvo (breve) da Bem-aventurada Virgem Maria, com as antífonas, versículos, capitulas e orações do mistério da Conceição: e que jejuem todas as sextas-feiras e durante o Advento do Senhor e nos demais dias em que os fiéis cristãos estão obrigados a jejuar, e não sejam obrigadas a mais jejuns. E como, segundo se afirma, a cidade de referência dista do mar sete dias ou mais, e sofre contínua escassez de peixes, podem comer carne sempre, menos nos dias assinalados de jejum, e aos sábados e às quartas-feiras:
6. E que a Abadessa, que seja, depois de escutar o parecer das monjas que lhe assistem como conselheiras, possa dispensar-se a si mesma e às demais monjas do mosteiro indicado, quando lhe parecer conveniente, dos jejuns a que estão obrigadas em virtude destas disposições, que não em virtude do Direito comum; e o mesmo se diga das roupas de linho: e que possam escolher do clero secular ou do clero regular com licença dos seus superiores alguns sacerdotes, para confessores e para que se lhes celebrem as Missas e outros Ofícios divinos, e para que lhes administrem os sacramentos da Igreja; os quais, depois de ouvi-las atentamente em confissão, possam absolver a abadessa e a cada uma das monjas que viverem no dito mosteiro, por uma só vez na vida, de todos os casos reservados à Sé Apostólica, e dos demais casos quantas vezes parecer conveniente, impondo-lhe uma saudável penitência; e podem dar-lhe também, uma vez na vida e em artigo de morte, a absolvição plenária de todos seus pecados, dos quais se tivessem confessado com coração contrito, permanecendo na verdadeira fé, em união com a Santa Igreja Romana e na obsequiosa obediência a Nós devida e aos Romanos Pontífices que legitimamente Nos sucederem.
7. E que determineis e ordeneis, com igual autoridade, que ninguém possa entrar na clausura sem expressa licença de qualquer abadessa, sob pena de excomunhão Latae Sententiae, na qual incorrerá no momento em que actue em contrário.
8. Não obstante as constituições e ordenações apostólicas, nem os estatutos e costumes da dita Ordem, ainda ratificados com juramento, ou confirmação apostólica ou de qualquer outra forma corroborados, e tudo o mais que a isto se oponha.
9. Assim, pois, se levais a cabo, como se propõe, em virtude das presentes, a fundação pretendida, Nós, de especial favor concedemos, com autoridade apostólica, no teor das presentes, à abadessa e monjas de referência, que, de hoje em diante, durante a Quaresma e os demais dias em que se visitam as Estações das igrejas de Roma e fora dela, ganhem as mesmas indulgências que lucrariam visitando as igrejas de referência, com a condição de que visitem alguns altares da igreja do citado mosteiro e rezem ajoelhadas, diante deles, três vezes a oração do Senhor, e outras tantas a saudação angélica; e que possam e devam usar, desfrutar e gozar livre e licitamente de todas e cada uma das graças, privilégios e excepções da dita Ordem concedidas em geral pela Santa Sé.
10. Em São Pedro de Roma, dia 30 de Abril do ano da Encarnação do Senhor de 1489, quinto de nosso Pontificado.
Inocêncio VIII

quarta-feira, 29 de abril de 2009

SANTA BEATRIZ DA SILVApainel de 24 azulejos mais cercadura,
pintado pela artista Canense Teresa Meira
e oferecido ao pároco da Vila de Cano,
no passado dia 19 de Abril de 2009,
por ocasião da Confirmação (Crisma) de 20 cristãos.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

São Nuno de Santa Maria, está entre os novos santos
Sinto-me feliz por apontar à Igreja inteira
esta figura exemplar

«Sabei que o Senhor me fez maravilhas. Ele me ouve, quando eu o chamo» (Sal 4,4). Estas palavras do Salmo Responsorial exprimem o segredo da vida do bem-aventurado Nuno de Santa Maria, herói e santo de Portugal. Os setenta anos da sua vida situam-se na segunda metade do século XIV [catorze] e primeira do século XV [quinze], que viram aquela nação consolidar a sua independência de Castela e estender-se depois pelos Oceanos – não sem um desígnio particular de Deus –, abrindo novas rotas que haviam de propiciar a chegada do Evangelho de Cristo até aos confins da terra. São Nuno sente-se instrumento deste desígnio superior e alistado na militia Christi, ou seja, no serviço de testemunho que cada cristão é chamado a dar no mundo. Características dele são uma intensa vida de oração e absoluta confiança no auxílio divino. Embora fosse um óptimo militar e um grande chefe, nunca deixou os dotes pessoais sobreporem-se à acção suprema que vem de Deus. São Nuno esforçava-se por não pôr obstáculos à acção de Deus na sua vida, imitando Nossa Senhora, de Quem era devotíssimo e a Quem atribuía publicamente as suas vitórias. No ocaso da sua vida, retirou-se para o convento do Carmo por ele mandado construir. Sinto-me feliz por apontar à Igreja inteira esta figura exemplar nomeadamente pela presença duma vida de fé e oração em contextos aparentemente pouco favoráveis à mesma, sendo a prova de que em qualquer situação, mesmo de carácter militar e bélica, é possível actuar e realizar os valores e princípios da vida cristã, sobretudo se esta é colocada ao serviço do bem comum e da glória de Deus.
da Homilia de Bento XVI, 26/4/2009, na canonização de São Nuno de Santa Maria

sábado, 25 de abril de 2009

Ferida de Amor...
"Eu estou ferida de Amor" (Ct. 2, 5). Com estas palavras a esposa indica a ferida profundamente feita no seu coração. Ora, aquele que produziu a ferida é o amor; mas da Santa Escritura aprendemos que Deus é Amor (cf. 1 Jo 4, 8). Deus que envia a sua flecha escolhida, o Deus Unigénito, àqueles que são salvos... Bela e doce ferida, graças à qual a vida se difunde dentro de nós, entrando através da abertura produzida pela ferida, como se fosse uma porta de entrada! Não apenas a esposa recebe a ferida d'amor, o golpe da flecha transformou-se em alegria nupcial.
São Gregório de Nissa
(cf. in Cant., Or. IV, Langerbuk, pp. 127-128)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

VIDA DE SANTA BEATRIZ DA SILVA
em imagens
ADÃO E O MONGE
O trabalho dos monges é o mesmo que o de Adão ao princípio, antes do seu pecado, quando estava revestido de glória e conversava familiarmente com Deus e habitava aquele lugar onde toda a bem-aventurança tem o seu lugar.
Nenhuma preocupação mundana atormentava Adão e nenhuma atormentava os monges. Com pura consciência conversava Adão com Deus, e com pura consciência conversavam com Ele os monges. Ou, para dizer melhor, tanto maior é a confiança que estes têm com Deus quanto maior é a graça que lhe concede o Espírito Santo.

São João Crisóstomo (in Matth. Hom. 68, 3)

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Suspiro por um só dom,
esforço-me por alcançar uma só glória: a glória do Reino dos Céus...
sempre que a beleza de Deus iluminou os santos,
deixou neles o aguilhão de um desejo intolerável;
tanto que, cansados da vida presente, exclamaram:
"Ai de mim, que o meu desterro se prolongou!
Quando poderei ver o Rosto de Deus?"
São Basílio (Regulae Fusius Tractatae, 2, 1)

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Recolher-me-ei todo em Deus.
Já não rocem em mim as línguas humanas
mais que sopros de vento.
Estou cansado
das vozes de quem me repreende

ou de quem, mais que o devido, me exalta.
Busco a solidão,
um lugar inacessível ao mal,

onde, com mente indivisa,
procurar o meu Deus

e suavizar minha velhice
com a doce esperança do Céu.

O que deixarei à Igreja?
Deixarei as minhas lágrimas!

Volto os pensamentos
à morada que não conhece ocaso,

à minha querida Trindade, única luz,
da qual tão só a sombra escura
já me enternece.

São Gregório Nazianzeno

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Dois dos discípulos de Jesus
iam a caminho duma povoação chamada Emaús,
que ficava a duas léguas de Jerusalém.
Conversavam entre si sobre tudo o que tinha sucedido.
Enquanto falavam e discutiam,
Jesus aproximou-Se deles e pôs-Se com eles a caminho.
Mas os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem.
Ele perguntou-lhes: «Que palavras são essas
que trocais entre vós pelo caminho?»
Pararam, com ar muito triste,
e um deles, chamado Cléofas,
respondeu: «Tu és o único habitante de Jerusalém
a ignorar o que lá se passou nestes dias».
E Ele perguntou: «Que foi?»
Responderam-Lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré,
profeta poderoso em obras e palavras
diante de Deus e de todo o povo;
e como os príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes
O entregaram para ser condenado à morte e crucificado.
Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de libertar Israel.
Mas, afinal, é já o terceiro dia depois que isto aconteceu.
É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos sobressaltaram:
foram de madrugada ao sepulcro,
não encontraram o corpo de Jesus
e vieram dizer que lhes tinham aparecido uns Anjos
a anunciar que Ele estava vivo.
Alguns dos nossos foram ao sepulcro
e encontraram tudo como as mulheres tinham dito.
Mas a Ele não O viram».
Então Jesus disse-lhes: «Homens sem inteligência e lentos de espírito
para acreditar em tudo o que os profetas anunciaram!
Não tinha o Messias de sofrer tudo isso para entrar na sua glória?»
Depois, começando por Moisés e passando pelos Profetas,
explicou-lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito.
Ao chegarem perto da povoação para onde iam,
Jesus fez menção de seguir para diante.
Mas eles convenceram-n’O a ficar, dizendo:
«Ficai connosco, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite».
Jesus entrou e ficou com eles.
E quando Se pôs à mesa, tomou o pão,
recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho.
Nesse momento abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-n’O.
Mas Ele desapareceu da sua presença.
Disseram então um para o outro:
«Não ardia cá dentro o nosso coração,
quando Ele nos falava pelo caminho
e nos explicava as Escrituras?»
Partiram imediatamente de regresso a Jerusalém
e encontraram reunidos os Onze e os que estavam com eles,
que diziam:
«Na verdade, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão».
E eles contaram o que tinha acontecido no caminho
e como O tinham reconhecido ao partir o pão.
Lc 24, 13-35

segunda-feira, 13 de abril de 2009

VISITA FRATERNA DO MINISTRO GERAL OFM:
Comemoração dos 800 Anos da OFM, inicio das comemorações dos 800 das Clarissas (2012), dos 500 Anos do Mosteiro de Clarissas da Madre de Deus e dos 300 anos do Mosteiro de Clarissas do Louriçal

No passado dia 30 de Março, em iniciativa conjunta de celebração dos 800 anos da Ordem dos Frades Menores, do início das comemorações dos 800 anos da Ordem de Santa Clara (a concluir em 2012), e das celebrações dos 500 anos do Convento e Igreja da Madre de Deus, em Lisboa, bem como dos 300 anos do Mosteiro de Clarissas do Louriçal, o Ministro Geral, Frei José Rodríguez Carballo, presidiu a solene concelebração eucarística em que, em sólio próprio, participou Sua Eminência o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José da Cruz Policarpo, e o Bispo de Bragança-Miranda, Dom Frei António Montes Moreira, bem como mais de quatro dezenas de sacerdotes religiosos: frades menores, conventuais e capuchinhos, e dois padres diocesanos. Entre os participantes, destaca-se a presença de 27 monjas Clarissas de Portugal e de Espanha, de sete monjas Concepcionistas dos Mosteiros de Campo Maior (madre Maria dos Anjos - abadessa, sor Isabel da Ssantíssima Trindade - mestra de noviças e sor Maria Manuel) e Viseu, além de numerosos representantes dos Institutos da Família Franciscana Portuguesa, da Ordem Franciscana Secular e da Juventude Franciscana (Jufra).

Na sua inolvidável homília, o Ministro Geral salientou, designadamente, a actualidade dos valores franciscanos e a força testemunhal do carisma de Francisco e de Clara de Assis na evangelização. Tais valores e carisma interpelam os tempos de hoje e a sociedade em globalização a exigir solidariedade e mística de fraternidade.

domingo, 12 de abril de 2009

TESTEMUNHAS DA RESSURREIÇÃO
«A fé dos Apóstolos em Jesus, o Messias esperado, tinha sido posta a uma prova duríssima pelo escândalo da cruz. Durante a sua prisão, condenação e morte, tinham-se dispersado, mas agora achavam-se novamente juntos, perplexos e desorientados. Mas o Ressuscitado faz-se presente diante da sua incrédula sede de certezas. Aquele encontro não foi um sonho, nem uma ilusão ou imaginação subjectiva; foi uma experiência verdadeira, apesar de inesperada e, precisamente por isto, particularmente comovedora. “Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: ‘A paz esteja convosco! ’ ”(Jo 20,19). Diante daquelas palavras, a fé quase apagada nos seus corações reacende-se. Os Apóstolos referiram a Tomé, ausente naquele primeiro encontro extraordinário, "Sim, o Senhor cumpriu aquilo que tinha anunciado; ressuscitou realmente; nós vimo-lo e tocámo-lo!" Tomé, porém, permaneceu duvidoso e perplexo. Quando, oito dias depois, Jesus veio pela segunda vez no Cenáculo, disse-lhe: “Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé”. A resposta do Apóstolo é uma profissão de fé comovedora: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20, 27-28)(Bento XVI 08/04/2007) «A tarefa do discípulo é testemunhar a morte e a ressurreição do seu Mestre e da sua vida nova. Por isso Jesus convida o seu amigo incrédulo a “tocá-lo”: quer torná-lo testemunha directa da sua ressurreição". (Bento XVI 08/04/2007)
E ainda hoje, o Ressuscitado, nos convida a encontrá-l’O e tocar-l’O, pois quer tornar-nos testemunhas da Sua Ressurreição. Convida-nos igualmente a que nos deixemos tocar por Ele, pelo Seu Amor, pela Sua Graça, pela Sua força. E depois deste toque transformante de Amor, amparados pela força do Espírito Santo, não podemos deixar de ser Suas testemunhas… não podemos deixar de anunciar aos outros, pela PALAVRA e pela VIDA, “Vimos o Senhor!” (Jo 20, 25). Milhões de homens e mulheres, aos longo dos últimos 2000 anos deixaram-se tocar pela Sua Graça e pelo Seu Amor e por isso não puderam mais viver sem Ele, sem ser Suas testemunhas da Sua Ressurreição. Como eles, façamos também nós esta experiência de encontro com o Ressuscitado, toquemo-l’O e deixemo-nos tocar por Ele, entramos nesta feliz aventura de nos despir das obras das trevas e revestir das armas da luz (cf. Rm 13, 12) e de reproduzir na nossa vida a Boa Nova do Ressuscitado, testemunhemos a Sua Ressurreição. Que olhando para nós, os Homens nossos irmãos identifiquem os gestos, as atitudes, os comportamentos, a voz... de Jesus. É que o Seu toque de Amor transforma-nos e vai-nos tornando cada vez mais parecidos a Ele. O Seu toque de Amor vai-nos ajudando a dizer cada vez com mais verdade: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20) e “… para mim, viver é Cristo…” (Fl 2, 21). Deixemos que o Ressuscitado opere em nós este milagre de Vida Nova e assim como Maria Madalena, Tomé, os outros apóstolos e milhões de cristão aos longo da história sejamos testemunhas da morte e ressurreição de Cristo.
«Que a Virgem Maria nos ajude a saborear plenamente a alegria pascal, para que, amparados pela força do Espírito Santo, nos tornemos capazes de difundi-la nos lugares onde vivemos e actuamos. Boa Páscoa a todos!» (Bento XVI, 11/4/2007)

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Na Sua Cruz,
as nossas cruzes...
Na Sua Dor,
as nossas dores...
No Seu grito: "Meu Deus, Meu Deus, porquê me abandonaste?",
os nossos abandonos...
Na Sua morte,
a nossa morte para o pecado...
Na Sua Ressurreição,
a nossa vida, Vida Nova em abundância.
JESUS CRUCIFICADO
Ali está tudo.
É o Livro dos livros.
É o Compêndio de todo o saber.
É o Amor mais ardente.
É o Modelo perfeito.
Proponhamo-no-lO como Único ideal da vida.
Foi Ele quem arrastou São Paulo a uma tal santidade...
Que a nossa alma, necessitada de amor,
O coloque diante de si sempre,
em cada momento presente.
Não seja sentimentalismo o nosso amor.
Não seja compaixão exterior.
Seja conformidade a Ele.
Chiara Lubich
in "O grito", Cidade Nova, Parede, 2000, pgs.37.38

quinta-feira, 2 de abril de 2009

“testemunha excelsa de Jesus Cristo e do Evangelho”
Quarto aniversário da morte de João Paulo II
do Testamento de João Paulo II
Totus Tuus ego sum
Em nome da Santíssima Trindade. Amen.
Hoje desejo acrescentar apenas isto, que cada um deve ter presente a perspectiva da morte. E deve estar pronto a apresentar-se diante do Senhor e do Juiz – e ao mesmo tempo Redentor e Pai. Eu também tomo isto em consideração continuamente, confiando esse momento decisivo à Mãe de Cristo e da Igreja – à Mãe da minha esperança.
Uma vez mais desejo confiar-me totalmente à graça do Senhor. Ele mesmo decidirá quando e como devo terminar a minha vida terrena e o ministério pastoral. Na vida e na morte
Totus Tuus, através da Imaculada. Aceitando desde agora esta morte, espero que Cristo me dê a graça para a última passagem, quer dizer, a (minha) Páscoa. Espero também que a torne útil para a causa mais importante que procuro servir: a salvação dos homens, a salvaguarda da família humana, e nela de todas as nações e povos (entre eles refiro-me também em particular à minha Pátria terrena), útil para as pessoas que de modo particular me confiou, para a questão da Igreja, para a glória do próprio Deus.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Questão Franciscana
Concepcionistas
ou Concepcionistas Franciscanas?

A Ordem Concepcionista é distinta de qualquer outra na Igreja e bastaria para a sua identificação designá-la com esse nome (Ordem da Imaculada Conceição ou monjas Concepcionistas), sem acrescentos; se, como é tradição secular, se lhe quer acrescentar Franciscanas, que isto não seja em detrimento do conteúdo Imaculista frente ao componente franciscano. Em todo o caso, é evidente a afinidade espiritual, benéfica para ambas. Posto que Júlio II as desligou totalmente das Clarissas, dando-lhe a sua própria Regra, parece-me inadequado que no calendário franciscano venham assinaladas como Monjas da Segunda Ordem Franciscana ou Clarissas, pois não o são. (…) Os franciscanos temos uma formosa missão encomendada pela Igreja: ajudar as Concepcionistas a viver o seu próprio carisma (…) não pretendendo fazê-las mais franciscanas mas deixando-as que sejam mais Concepcionistas.
(GARCÍA SANTOS, José, OFM, La Regla de Santa Beatriz de Silva. Estudio Comparado, idem, p. 187)