quarta-feira, 18 de dezembro de 2019


Natal 2019
MENSAGEM e SAUDAÇÃO 
do Arcebispo de Évora
1.Mensagem
Neste ano Pastoral de 2019-2020, celebramos o Natal do Senhor, na Alegria de nos sentirmos convocados a ser discípulos missionários da Esperança, muito concretamente, através do acolhimento e da procura dos irmãos, que sentem sede de Esperança e desejam encontrar-se com a Luz.
Sabemos que o ruído próprio da sociedade de consumo em que vivemos confunde os autênticos valores do Natal, com propostas meramente fúteis e banais, e que, por isso mesmo, nós cristãos, somos chamados a mostrar com as nossas vidas, a beleza autêntica do Natal, a sua mensagem e os seus desafios. Assim, nesta sociedade marcada por tantos desencontros, celebremos o Natal como mistério e proposta de encontro. Em Jesus, nascido em Belém, encontramos Deus feito Homem e n’Ele nos encontramos com todos os Humanos: «Glória a Deus nas Alturas e Paz na terra aos homens por Ele amados». (Lc 2, 14).
O «Verbo que Se fez carne» (Jo 1, 14) é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Eis a lição do presépio, o «Evangelho vivo» como lhe chama o Papa Francisco: Deus habita também no mundo e quer ser habitado por cada pessoa que há no mundo. Por isso, procuremos Deus em Jesus, e acolhamos Jesus em cada ser humano.
Em Jesus, Deus vem ligar o que está desligado. Constatamos que por vezes perdemos os «laços» que nos ligam uns aos outros. Se deixarmos, o individualismo toma de tal maneira conta de nós, que nem nos apercebemos de como estamos aprisionados em nós mesmos. O mistério do Natal é, pois, um convite de abertura total a Deus e à humanidade. É esta abertura que configura a nossa libertação e a nossa felicidade.
Com tantas actividades e ocupações, o nosso olhar torna-se inevitavelmente disperso. Não nos centramos no que verdadeiramente importa. Frequentemente nem no Natal conseguimos parar. Somos pois convidados, neste tempo, a parar e a olhar serenamente para Jesus na Sua imagem de encanto e ternura no presépio, e na Sua presença real na Eucaristia; a reencontrarmos a beleza da nossa vocação e a humanizarmos os nossos ambientes com a força que nos vem do Evangelho.
É a Jesus que pertencemos desde o Baptismo. Estamos n’Ele enxertados para por Ele sermos transformados. Façamos do Natal um acontecimento gerador de paz, pois na manjedoura nasceu a paz duradoura. É essa paz que somos chamados a semear na nossa vida e na humanidade. Deixemo-nos envolver por este mistério Santo que nos transfigura e revela a beleza do Amor, pelo qual somos amados.
Não foi para o mundo ficar igual que Deus se fez Natal. É para que tudo seja diferente que Deus revela um amor omnipotente: um amor que é capaz de Se fazer o que nós somos para que nós nos deixemos tocar pelo que Ele é. Sejamos discípulos deste Menino que muda a nossa vida e guardemos a Sua divina Palavra em nosso coração para a testemunhar no dia a dia. Como Maria, que deu Cristo à luz na sua carne, que nós demos Cristo à luz na nossa vida: com o nosso testemunho, com a nossa disponibilidade missionária para acolher, procurar e abraçar.
Discípulos e missionários do Natal, levemos aos mais desprotegidos e abandonados «o Menino que nasceu, o Filho que nos foi dado» (Is 9, 6). Que o melhor presente seja a nossa presença e a transfiguração de Cristo na vida de cada irmão!
Que neste Natal nos encontremos com Cristo e O saibamos ver em quem sofre. Que O encontremos nos mais frágeis e sós e lhes levemos o Sim fraterno do Amor que Deus lhes dedica. Que a nossa criatividade pessoal e a criatividade das nossas comunidades cristãs vençam a rotina ou a inércia e percorram caminhos novos de encontros humanizadores.
Natal é tempo propício e favorável a gestos comprometidos com a esperança e empreendedores de humanidade. Que cada comunidade cristã seja lugar de encontro com Cristo, seja presépio e Natal.
Que os valores supremos da vida humana, desde o seu primeiro instante até à morte natural, dignificada, devidamente assistida e acompanhada; que o valor da família, património imaterial da humanidade e berço natural da vida e que os valores inegociáveis de cada pessoa humana centrem a sociedade na vivência da solidariedade fraterna e sejam compromissos para cada um de nós neste Natal.
2. Saudação
Saúdo e desejo Santo Natal aos nossos estimados Presbíteros, Diáconos, Consagrados e alunos dos Seminários! Para cada um deles o reconhecimento da Igreja Diocesana!
Saúdo e desejo Santo Natal às queridas famílias, aos casais em vivência matrimonial, seus idosos, doentes, pessoas com deficiência, jovens, adolescentes e crianças. Que no centro de cada família esteja presente a manjedoura onde Cristo nasce, vive e cresce e que a riqueza humana de cada família seja presépio onde acontece o acolhimento que Maria e José não encontraram em Belém!Saúdo e desejo Santo Natal a todas as pessoas de boa vontade que com esforço e dedicação tudo fazem para a edificação de uma sociedade mais justa, fraterna e pacífica!
Saúdo com especial gratidão e desejo Santo Natal a todos os que vão trabalhar para o bem comum na Noite de Consoada e no Dia de Natal!
Saúdo e desejo Santo Natal aos serviços de saúde que servem as nossas populações, bem como às Santas Casas da Misericórdia, aos Centros Sociais, às Escolas, aos Serviços de Segurança Social, aos Soldados da Paz, às Forças Armadas, de Segurança e Proteção Civil, aos Tribunais e demais Serviços de Justiça, aos Estabelecimentos Prisionais, a todos os Meios de Comunicação Social ao serviço da nossa região, a todos os refugiados e imigrados no nosso país e a viverem agora connosco, bem como àqueles que connosco viviam e agora experimentam a contingência da emigração.
Por todos ergo a minha oração e a todos desejo Santo e Feliz Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo.
+ Francisco José, Arcebispo de Évora

domingo, 8 de dezembro de 2019


NA ESCOLA DA IMACULADA
“As [almas] que praticam a vida mariana tem na Virgem uma ajuda poderosíssima e um lenitivo para suas dores em todas as tribulações, sobretudo durante o período de provações e desemparo que padecem. É admirável a conduta que observa a Senhora para com as almas que lhe pertencem (por sua devoção e consagração perfeita) e o que zelo que manifesta em favor das mesmas. Com quanto amor e ternura as visita, assiste na tribulação, as protege e defende de seus inimigos, as socorre em suas necessidades, as enamora de Deus, as adorna e prepara para sua divina união e obtém essa graça de Deus para elas!”
La Vida Espiritual,
 Serva de Deus Madre Maria dos Anjos Sorazu,
 monja Concepcionista

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

quarta-feira, 6 de novembro de 2019


Em dia das Monjas Concepcionistas mártires, as Beatas Maria do Carmo Lacaba e 13 companheiras.
Partilho uma carta de uma delas.

Jesus manso e humilde de Coração faça o nosso coração semelhante ao Seu.
Ao Sr. D. Manuel Zapico
Muito estimado Padre e senhor meu:
Depois de saudar Vossa Reverencia respeitosa e cordialmente passo a manifestar-lhe o assunto da presente carta que quiçá o surpreenda.
Como Vossa Reverência bem sabe pelas poucas cartas que lhe escrevi, desde o dia da minha feliz entrada nesta Santa Casa, Nosso Senhor fez-me sentir a verdade daquelas Suas palavras, de que o Seu jugo é suave a Sua carga é leve, por isso me fez conceber grandes desejos de que todos os homens participem na mesma dita, mas estou convencida de que a dá Deus de pura graça a quem Ele o entende, mesmo se também quer que se apliquem os meios.
Há algum tempo; diziam-me os meus queridos pais seria bom se o meu irmão Victor quisesse vir para o Colégio dos Padres Franciscanos desta província; eu mesmo que o desejasse muito, não os animei muito até ver se é verdade que tem vocação, e agora dizem-me que umas vezes parece que sim outras não (…).
Termino esta carta encomendando-me às suas fervorosas orações, sobre tudo lembre-se de mim no dia 17 do corrente, aniversario da minha entrada neste sagrado recinto, diga a Jesus que antes me aniquile, que eu seja infiel à graça que me dispensou esse dia, Deus o recompensará de tudo, e eu ainda que pobre também peço ao Divino Espírito que lhe comunique aquele sagrado fogo que deu aos Apóstolos para que depois de caldear o seu coração, possa repartir às almas que Deus lhe encomendado e ser um dos amigos fiéis do Divino Coração.
A minha Reverenda Madre e irmãs saúdam Vossa Reverência e encomendam-se às suas fervorosas orações. (…). No Sagrado Coração de Jesus e Maria.
Sor Maria Beatriz de Santa Teresa

En día de las monjas concepcionistas mártires, las beatas María del Carmen Lacaba y 13 compañeras.
Comparto una carta de una de ellas.
Jesus manso y humilde de Corazón haga nuestro corazón semejante al suyo.
Al Sr. D. Manuel Zapico
Muy estimado padre y señor mío: Después de saludar a V. respetuosa y cordialmente paso a manifestarle el asunto de la presente carta que quizá le sorprenda.
Como V. bien sabe por las pocas cartas que le hé escrito, desde el día de mi feliz entrada en esta Sta. Casa, Ntro. Señor me ha hecho sentir la verdad de aquellas sus palabras, de que su yugo es suave y su carga ligera, por eso me ha hecho concebir grandes deseos de que todos los hombres participaran en la misma dicha, mas estoy convencida de que la da Dios de pura gracia a quien El es servido, aunque también quiere se pongan los medios.
Hace algún tiempo; me decían mis queridos padres si mi hermano Victor quería venir al Colegio de los Padres Franciscanos de ésta provincia; yo aunque lo deseaba mucho, no le he animado hasta ver si es verdad que tiene vocación, y ahora me dicen que unas veces parece que sí y otras que no (…).
Termino esta carta encomendándome a sus fervorosas oraciones, sobre todo acuérdese de mí el día 17 del corriente, aniversario de mi entrada en éste sagrado recinto, dígale a Jesús que antes me aniquile, que yó le sea infiel a la gracia que me dispensó ese día, Dios se lo pagará todo, y yo aunque pobre también pido al Divino Espíritu que le comunique aquel sagrado fuego que dio a los Apóstoles para que después de caldear su corazón, pueda repartir a las almas que Dios le ha encomendado y ser uno de los amigos fieles del Corazón Divino.
Mi R. Me. Y hermanas saludan a V. y se encomiendan en sus fervorosas oraciones. Suya afma. En el Sdo. Corazón de Jesús y María.
Firmada y rubricada:
Sor María Beatriz de Sta. Teresa

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

No dia 29 de Agosto de 1921, falecia a Serva de Deus Madre Maria dos Anjos Sorazu (1873-1921), grande escritora mística concepcionista.




“Quem reza o Rosário 
como deve se fazer, 
acumulará em sua alma 
tesouros imensos, 
transbordará de vida, 
justiça e santidade.”

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Novo livro sobre Santa Beatriz da Silva, «Da tua beleza se enamora o rei», editado pela Lucerna, da autoria do sacerdote Pacense João Paulo Quelhas Domingues, procura levar-nos a descobrir a identidade e grandeza espiritual da fundadora da Ordem da Imaculada Conceição.

sábado, 17 de agosto de 2019


17 de Agosto de 2019
Festa de Santa Beatriz da Silva
Virgem e fundadora

Por amor ao Eterno Pai,
e à Mãe de Deus sem pecado:
toda se deu ao Espírito
e ao Esposo, bem amado.

Virgem fiel e prudente,
modelo de santidade
escreveu com letras de ouro
poema d'eternidade.

As glórias vãs deste mundo
Beatriz soube rejeitar
p'ra seguir Divino Mestre
e não mais O abandonar.

Toda se deu a Deus,
por amor à Imaculada:
por Ela deu a vida,
por Ela foi adornada.

De virtude e de pureza:
marcada foi sua fronte,
é perfume de açucena
que nasce no alto monte.

Glória e louvor para sempre,
à Santíssima Trindade,
que transformou Beatriz
num canto de santidade.

P. Marcelino José Moreno Caldeira
Hino a Santa Beatriz da Silva
Fátima, Julho de 2000

sexta-feira, 16 de agosto de 2019


3º Dia:
16 de Agosto de 2019
Preparando a Festa de Santa Beatriz da Silva
... a elequência mais evidente da vida
Da nova Santa não nos é possível tecer o breve elogio que se costuma fazer no momento de uma canonização e que parece projectar perante os nossos olhos radiantes os traços de um rosto glorioso porque, assim como o rosto extraordinário, belo e puro de Beatriz da Silva permaneceu velado por longos anos da sua vida terrena, até à sua bem-aventurada morte, assim também muitos aspectos da sua biografia só chegaram até nós por reflexos, como PER SPECULUM IN AENIGMATE - através de um espelho e de modo confuso - (cf. 1 Cor 13, 12), na documentação histórica através da qual ela transparece como figura inocente, humilde e luminosa, apesar de não conceder à nossa humana mas legítima curiosidade sinal algum de expressão pessoal. Assomam aos lábios as palavras de Dante: OV'E BEATRIC - onde estás Beatriz? - (A Divina Comédia, Paraíso, canto 32, verso 85); ou as palavras bíblicas em que vibra o amor místico: MINHA POMBA ... MOSTRA-ME O TEU ROSTO, FAZ-ME OUVIR A TUA VOZ, PORQUE A TUA VOZ É SUAVE E GRACIOSO O TEU ROSTO (Ct 2, 14).
Porque efectivamente, nenhuma palavra desta Santa chegou até nós nas suas sílabas textuais, e por conseguinte, nenhum eco da sua voz; nem escrito algum da sua mão, ou algum retrato do seu rosto demasiado belo, como se dizia, para que não fosse, na sua juventude, causa de turbação. E nem sequer os estatutos definitivos da Regra para a família religiosa que Ela fundou, inaugurando com a sua própria morte o nascimento da mesma família.
Mas, então, uma pergunta surge no espírito de quem dirige a atenção e a devoção para esta cidade do céu: será uma lenda a sua vida? Será fruto de um mito? Não, não é! Beatriz da Silva antes de entrar no reino eterno do céu, foi cidadã da terra: e o seu registo, e mais ainda a sua obra de Fundadora de uma nova e ainda hoje florescentíssima Família Religiosa, a das Monjas da Santíssima Conceição de Maria, não deixam dúvida alguma, antes conferem certeza particular e edificante exemplaridade à história hagiográfica desta esplêndida figura.
Santa Beatriz da Silva, portuguesa de nascimento, passou a maior parte da sua existência terrena em terras de Espanha, Mulher que ao nosso coração de crentes fala, se não com os escritos, sim com a eloquência mais convincente da vida.
Beato Paulo VI, da Homilia proferida na Canonização de Santa Beatriz da Silva a 3 de Outubro de 1976, na Basílica Vaticana de São Pedro

Oração
Senhor nosso Deus, que fizestes resplandecer na virgem Santa Beatriz o altíssimo dom da contemplação e a adornastes com a singular devoção à Imaculada Conceição da Virgem Maria, concedei-nos que, seguindo o seu exemplo, busquemos na terra a verdadeira sabedoria para merecermos contemplar no Céu a glória do vosso rosto. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Ámen.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019


2º Dia:
15 de Agosto de 2019
Preparando a Festa de Santa Beatriz da Silva
Santa Beatriz foi sempre argila nas mãos amorosas do seu Oleiro, o seu projecto não foi instalar-se nos seus projectos, no que ela acreditava ser o melhor, mas na oração constante, tratava de descobrir a vontade de seu Senhor. Ela tinha-se consagrado e seguia a Jesus Cristo, não o seu projecto”.
Carta da Madre Coordenadora, Madre Maria de la Cruz Alonso Paniagua oic, na solenidade de Santa Beatriz, BEATRIZ EN EL V CENTENARIO, 16 de Agosto de 2011

Oração
Senhor nosso Deus, que fizestes resplandecer na virgem Santa Beatriz o altíssimo dom da contemplação e a adornastes com a singular devoção à Imaculada Conceição da Virgem Maria, concedei-nos que, seguindo o seu exemplo, busquemos na terra a verdadeira sabedoria para merecermos contemplar no Céu a glória do vosso rosto. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Ámen.

1º Dia:
14 de Agosto de 2019
Preparando a Festa de Santa Beatriz da Silva
“Em Beatriz experimentamos que os seus anos de encerramento e de silêncio foram a ocasião e a casa onde Deus fez a sua morada. Do abandono ao que Deus quer e à disponibilidade para o que Deus quer, pode-se empreender um caminho de procura do seu rosto, vivência do Evangelho e caminho de contemplação segundo o genuíno exemplo da Mulher de Nazaré, a Mãe do Senhor”.
CARTA DO PADRE ASSISTENTE por ocasião da Festa de Santa Beatriz da Silva de 2012, Fr. Joaquín Domínguez Serna, OFM, 06 de Agosto de 2012

Oração
Senhor nosso Deus, que fizestes resplandecer na virgem Santa Beatriz o altíssimo dom da contemplação e a adornastes com a singular devoção à Imaculada Conceição da Virgem Maria, concedei-nos que, seguindo o seu exemplo, busquemos na terra a verdadeira sabedoria para merecermos contemplar no Céu a glória do vosso rosto. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Ámen.

quarta-feira, 26 de junho de 2019


El cardenal Giovanni Angelo Becciu,
prefecto de la Congregación para las Causas de los Santos,
en entrevista con Alfa y Omega.
¿Cuál es el significado de la beatificación de estas 14 religiosas mártires?
Fue san Juan Pablo II quien dio un fuerte impulso a la investigación y a la promoción de las causas de los mártires cristianos del siglo pasado; no solo en España, sino también en otros países del mundo. Sin duda, España fue escenario de un enorme baño de sangre y de odio fratricida. La beatificación une a estas religiosas a la gran legión de testigos que, al ofrecer sus vidas, han mostrado cómo se puede responder cristianamente con el amor a la ceguera del corazón humano. El perdón de los asesinos y el amor a los enemigos – verdadero sello de toda auténtica reconciliación – parecen humanamente imposibles; seguramente no son fruto de una simple actitud filantrópica, sino que son gestos hechos posibles tras haber tomado como referencia al crucificado.
¿Qué le ha llamado más la atención de la historia de estas religiosas?
La humildad, la sencillez y su vida hecha de oración, de servicio, de ocultamiento. También en la muerte: los restos mortales de la mayoría jamás fueron encontrados. Incluso teniendo la oportunidad de escapar de la muerte, las monjas no lo hicieron para no abandonar a las hermanas más ancianas o enfermas. Una mercedaria habría asistido desde un balcón, en una calle de Madrid, al fusilamiento de las religiosas, contando que la madre abadesa animó hasta el final a las otras, preparándolas para el martirio y muriendo al grito de: «¡Viva Cristo Rey!». En lo ordinario de la vida religiosa, vivida con convicción y constancia, nace también la extrema fidelidad a Dios, hasta derramar la propia sangre.
¿Qué mensaje pueden dar ellas a los fieles de hoy?
El ejemplo de los beatos y los santos, sobre todo el de las víctimas inocentes de la violencia y del odio, asume también un significado y un destino universal, fuera del ámbito eclesial, porque estos hermanos y hermanas, en su desarmada docilidad, muestran una humanidad rica también en los valores y las virtudes sociales de respeto, de pacífica convivencia y de servicio a todos. Los beatos españoles son semilla de reconciliación y de sanación de las heridas que la historia muestra de su passado.
http://www.alfayomega.es

terça-feira, 25 de junho de 2019



Homilia do Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos
na missa de beatificação de Maria do Carmo Lacaba Andía 
e 13 companheiras mártires,
22.06.2019
Segue a  Homilia do Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, o Cardeal Giovanni Angelo Becciu, na catedral de Santa Maria a Real de Almudena, durante a missa de beatificação de Maria do Carmo Lacaba Andía e 13 companheiras mártires religiosas professas de la Ordem da Imaculada Conceição, assassinadas por ódio à fé em 1936 durante a Guerra Civil em Espanha:

Homilia do Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos
De bom grado, portanto, prefiro gloriar-me nas minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo. 10Por isso me comprazo nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias, por Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte. (2Cor 12, 9-10)
Queridos irmãos e irmãs:
Estas palavras de São Paulo, proclamadas na primeira leitura, podemos aplica-las hoje às catorze monjas da Ordem da Imaculada Conceição (Concepcionistas), assassinadas durante a perseguição religiosa que pretendia eliminar a Igreja em Espanha. Elas permaneceram fortes na fé: não se assustaram perante os ultrajes, as angústias nem as perseguições. Estiveram dispostas a selar com sua vida a Verdade que professavam com os lábios, associando o martírio de Jesus ao seu martírio de fé, de esperança e de caridade.
A Beata Maria do Carmo (no século Isabel Andía Lacaba) e as suas treze companheiras eram monjas da mesma família monástica, mas de três mosteiros diferentes: o Mosteiro de Madrid, o Mosteiro de El Pardo e o Mosteiro de Escalona. Todas, perseverando na sua consagração a Deus, deram suas vidas pela fé e como prova suprema de amor. Foi precisamente a aversão a Deus e à fé cristã que determinou o seu martírio. Sofreram, com efeito, a perseguição e a morte pelo seu estado de vida religiosa e a sua total adesão a Cristo e à Igreja. Os seus verdugos eram milicianos que, guiados pelo ódio contra a Igreja Católica, eram os protagonistas de uma perseguição religiosa geral e sistemática contra as pessoas mais representativas da Comunidade Católica. As novas Beatas certamente tinham bem presente a exortação do divino Mestre: Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6, 33). São exemplo e incentivo para todos, mas sobretudo para as monjas Concepcionistas, e também para todas as consagradas que dedicam totalmente a sua vida à oração e à contemplação. Nesta preciosa missão orante, as religiosas de clausura são chamadas a gostar e a ver quão bom é o Senhor, para testemunhar todo o envolvente que é o Amor de Deus.
Três vezes pedi ao Senhor … Mas Ele respondeu-me: «Basta-te a minha graça» (2Cor 12, 8-9). Estas palavras de São Paulo, que acabamos de ouvir, parecem inspirar a mensagem deixada pelas catorze mártires. Em diferentes lugares e tempos, enfrentaram a sua oferta de sacrifício ao Senhor com generosidade e coragem. A integridade espiritual e moral destas mulheres chegou-nos através de testemunhas directas e indirectas e também através de documentos. Estamos profundamente impressionado pelos testemunhos  relacionado com o seu martírio. No assalto ao mosteiro de Madrid, os atacantes gritavam “Morram as freiras!” e elas morreram exclamando: “Viva Cristo Rei!” No caso das religiosas de El Pardo, os verdugos, quando descobriram as monjas com as pessoas que as tinham recebido depois do assalto do mosteiro, perguntaram-lhe: “Vós sois freiras?” As monjas responderam: “Sim, pela graça de Deus”; isto equivalia a uma sentença de morte que os milicianos executaram sem nenhuma outra razão. Por sua vez, as monjas de Escalona, ​​afastadas da sua comunidade, foram expulsas do edifício da Câmara Municipal pelos milicianos locais e enviadas à Direcção-Geral de Segurança em Madrid, para obriga-las a abandonar a fé e passar à apostasia. Para forçar as monjas mais jovens a fazer isso, as duas monjas mais velhas foram separadas do grupo e levadas a um beco sem saída, onde foram torturados e finalmente fuziladas. Todos os testemunhos que temos recebido permitem-nos afirmar que estas monjas Concepcionistas morreram porque eram discípulas de Cristo, porque não queriam renegar a sua fé e os seus votos religiosos. Quando, no começo da guerra, na zona republicana, as comunidades se mudaram para as casas de parentes ou amigos, adaptaram-se sem se queixarem, dando exemplo de heroísmo. Nunca tiveram uma atitude de animosidade para com os que foram a causa de seu sofrimento, mas responderam com caridade. Encaminharam-se para o sacrifício glorificando a Deus e perdoando os seus verdugos, seguindo o exemplo de Cristo que disse na cruz: «Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem.» (Lc 23, 34). O testemunho destas beatas constitui um exemplo vivo e próximo para todos. A sua morte heroica é um sinal eloquente de que a vitalidade da Igreja não depende de projetos ou cálculos humanos, mas vem da adesão total a Cristo e à sua mensagem de salvação. Disto estavam bem conscientes estas nossas monjas que tiraram forças não de um desejo de protagonismo pessoal, mas de um amor sem reservas por Jesus Cristo, mesmo à custa das suas vidas. A sua existência é como uma mensagem direta às pessoas consagradas e aos fiéis leigos de hoje. Aos consagrados, as novas beatas dizem que permaneçam fiéis à sua vocação e se alegram pela sua pertença à Igreja, servindo-a através do seu Instituto, numa vida intensa de comunhão fraterna, na perseverança e no testemunho de sua própria identidade religiosa. Aos fiéis leigos recordam a necessidade de ouvir e obedecer obedientemente à Palavra de Deus, que todos nós estamos chamados a viver e a anunciar em virtude do batismo.
A força manifesta-se na fraqueza (2Cor 12, 9), respondeu o Senhor ao apóstolo Paulo. Hoje damos graças por esta força que também se converteu na força dos mártires em terra de Espanha. A força da fé, da esperança e do amor, que se mostrou mais forte que a violência. Foi derrotada a crueldade do pelotão de execução e de todo o sistema de ódio organizado. Cristo, que se fez presente, junto aos mártires, veio a elas com a força da sua morte e do seu martírio. Ao mesmo tempo veio a elas com a força da sua ressurreição. O martírio, com efeito, é uma revelação particular do mistério pascal que continua actuando e se oferece aos homens de todos os tempos como promessa de vida nova. Assim escrevia o famoso escritor romano Tertuliano: Sanguis martyrum - semen christianorum”;  o sangue dos mártires é a semente dos cristãos.
Não podemos duvidar da fertilidade desta semente, mesmo que as forças que tratam de erradicar o “semen christianorum”, quer dizer, os valores cristãos, das consciências e o tecido das nossas sociedades, pareçam crescer de formas diferentes. Frente às atitudes de isolamento em relação às pessoas mais necessitadas, frente à indiferença religiosa, frente ao relativismo moral, frente à arrogância dos mais fortes contra os mais fracos, perante os ataques contra a unidade da família e o caráter sagrado da vida humana, não podemos esquecer a beleza do Evangelho. A palavra de Deus lança sempre novas raízes. Sobre estas raízes, nós, discípulos do Senhor, devemos e podemos crescer. Estas catorze novas beatas, que perseveraram na fé mesmo no momento da oblação suprema animam-nos a continuar com alegria e esperança dando testemunho em todos os ambientes, do amor e da misericórdia de Deus, que nunca nos abandona, especialmente na hora do fracasso e da derrota.
Confiemo-nos à sua intercessão, cuja existência se tornou para toda a Igreja, especialmente para o povo de Deus que peregrina em Espanha, num poderoso farol de luz, num convite convincente a viver o Evangelho de maneira radical e com simplicidade, oferecendo um corajoso testemunho da fé que supera todas as barreiras e abre horizontes de esperança e fraternidade.
Beata Maria do Carmo - Isabel Lacaba Andía e companheiras mártires, rogai por nós!