sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013


A ALEGRIA DA CONSAGRAÇÃO
A 2 de Fevereiro a Igreja celebra, segundo uma tradição antiga que remonta aos séculos VI-VII, um evento da vida do Senhor que esclarece a sua identidade e missão universal. Trata-se da Apresentação de Jesus no templo por parte dos seus pais (cf. Lucas 2, 22-40). Nesse dia celebra-se contextualmente também o Dia mundial da vida consagrada. O texto evangélico da celebração litúrgica evidencia, num contexto de luz transcendente, o Filho de Deus e da Virgem doado à humanidade como revelação, luz e salvação. O rito ao qual o Menino é submetido declina quer a pertença ao povo das promessas, quer a sua pertença ao Deus da aliança, do qual ele é e será o revelador histórico e escatológico. Ninguém como ele é verdadeiro Filho do Pai; ninguém como ele é autor e consumador da nossa fé (cf. Hebreus 12, 2); ninguém como ele está mais próximo de cada homem que procura a verdade, a santidade e a salvação. A vida religiosa é um dom precioso para a vida da Igreja e para o mundo; dom e experiência plurisseculares que hoje mais do que nunca devem ser defendidos, promovidos, relidos e repropostos às jovens gerações pós-modernas, que pelo menos no Ocidente, parecem desinteressadas deste carisma, doação e serviço. Definitivamente, a vida consagrada é uma existência que se dedica de forma integral - espírito, alma e corpo - isto é toto corde, ao Senhor sumamente amado e servido; para depois se pôr como sinal no mundo e entre os homens de um amor que sacia, dessedenta, apoia e dá alegria. Numa sociedade pós-moderna, que através dos meios de comunicação, das várias formas de publicidade, do permissivismo, confunde amor e sexo e procura evitar a angústia da solidão existencial com a ebriedade de eros sem compromisso nem responsabilidade, a vida consagrada responde que ser amados por Deus em Jesus Cristo pode ser suficiente para superar toda a solidão e irradiar energias de amor oblativo ao serviço dos outros. A alegria é o sentido de plenitude do ser, que é orientada para a sua dimensão mais nobre que é o espírito, pelo qual Gabriel Marcel pode legitimamente falar do gaudium essendi. Sim, a alegria enquadra-se na esfera do ser, é o seu esplendor.
Salvatore M. Perrella
2013-02-02 L’Osservatore Romano
(Fonte: NEWS.VA)

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