sexta-feira, 17 de junho de 2011


Profissão de votos temporários em Campo Maior

“Eu, Soror Maria Helena de Jesus, a exemplo e em honra de Maria Imaculada, livre e voluntariamente consagro-me a Deus com todo o meu ser e comprometo-me a seguir a Cristo segundo a forma do Santo Evangelho e a viver em fraternidade.” Foi com estas palavras que Soror Maria Helena de Jesus, de 33 anos, natural de Reguengos de Monsaraz, Arquidiocese de Évora, fez a profissão religiosa de votos temporários na Ordem da Imaculada Conceição, fundada por Santa Beatriz da Silva. Conforme nota daquela Ordem, desde esse dia, “Soror Maria Helena de Jesus já não se pertence a si mesma, mas todo o seu está consagrado totalmente a Deus, desposando-se com Jesus Cristo nosso Redentor, em honra da Conceição Imaculada de Sua Mãe, pela profissão dos conselhos evangélicos de obediência, sem próprio e em castidade, vividos em comunhão fraterna e em perpétua clausura, por 3 anos” (cf. CC. GG. 2).

A cerimónia, presidida por D. José Alves, Arcebispo de Évora, e concelebrada por cerca de uma dezena de sacerdotes, decorreu no passado dia 11 de Junho, na igreja do Mosteiro da Imaculada Conceição de Campo Maior, que se encheu de familiares, amigos e irmãos na fé, muitos oriundos de Reguengos de Monsaraz, comunidade onde a Soror Maria Helena de Jesus cresceu na fé, para se associarem ao compromisso que a jovem fez com Deus.

À homilia, D. José Alves referiu que o “mais importante não é a rapidez das decisões, mas sim a correcção das decisões que cada um toma, o seu fundamento e firmeza, já que a vida só se vive uma vez”, acrescentando que “a candidata à vida religiosa deverá estar ciente que a vida de clausura não pode ser motivada por uma qualquer necessidade de fugir do mundo. A verdadeira razão de uma vida de clausura é a resposta a um forte apelo de viver em grande intimidade com Deus. A monja não foge do mundo, mas corre e procura por todos os meios encontrar-se com Deus”.

O Arcebispo de Évora sublinhou que “Deus fala sempre no silêncio, pois Deus não fala no barulho, nem a voz de Deus se ouve com os ouvidos do corpo, mas só com os ouvidos da alma. Por isso, o silêncio não é um sacrifício mas sim um gozo porque é um silêncio habitado”, explicando que “a alma cristã só experimenta a alegria de viver quando unida a Deus. Monja de clausura proporciona essa ligação estreita com a origem da vida. Quanto maior for essa união, maior será a alegria que experimenta. Assim se explica a alegria permanente das monjas, pois não vieram para o Mosteiros carpir tristezas, mas viver em alegria permanente”.

“Hoje a Irmã Maria Helena de Jesus dá-nos também esta garantia que no silêncio, na oração, na vida de comunhão fraterna se encontra Deus e em Deus se encontra a mais forte razão de viver, o Amor, tal como encontrou há mais de 500 anos Santa Beatriz da Silva”, concluiu o Prelado.

Após a homilia, decorreu o interrogatório feito pelo Arcebispo de Évora, com a noviça ajoelhada, que respondeu “sim quero” às questões colocadas. Seguiu-se a invocação da Graça Divina. Ao terminar a oração, a Vigária e a Mestra de Noviças aproximaram-se do lugar da Abadessa, sendo testemunhas. A Noviça ajoelhou-se e com as mãos juntas entre as da Abadessa, disse a fórmula da Profissão. Emitida a profissão, a neoprofessa recebeu da Abadessa as insígnias, nomeadamente: o manto, o véu, a Regra e a Medalha. O rito da profissão terminou com as Irmãs a darem a paz à comunidade.

Nas palavras de agradecimento que dirigiu aos presentes, Soror Maria Helena de Jesus revelou que “estar a viver este inicio desta caminhada é importante e agradeço as palavras do senhor Arcebispo, pois a vida religiosa é isto, viver num silêncio que faz crescer e que ajuda à intimidade com Deus”.

“Neste momento posso dizer-vos que estou feliz nesta opção e nesta escolha. Espero que o Senhor me ajude a continuar. E que ajude desde aqui a cada um de vocês”, concluiu sob um forte aplauso de todos os presentes.

No final, Soror Maria Helena de Jesus agradeceu pessoalmente a todos os presentes, contagiando, no seu sorriso, o júbilo pelo compromisso definitivo com Deus.

Conhecida em Reguengos de Monsaraz, de onde é natural, como Lena Cachaço, Sor Maria Helena de Jesus retirou-se para o convento de Nossa Senhora da Conceição de Campo Maior há já três anos. Depois de um ano de postulante, recebeu hábito e inseriu-se na comunidade como noviça. Após dois anos de noviciado, este foi o momento de uma consagração mais forte e decisiva.

in Semanário "A DEFESA", 15 de Junho de 2011 - Ano LXXXVIII - nº4518, pg. 7

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