quinta-feira, 12 de março de 2009

«REGLITA,
uma estrela da Imaculada»
Serva de Deus

soror Doce Nome de Maria oic
…de família nobre …
Maria de Regla Francisca Teresa Romero, a mais nova de dois irmãos e tratada familiarmente por Reglita, nasceu em Hinojosa del Duque - Córdoba (Espanha), de uma família nobre e abastada, a 9 de Março de 1885. Não conheceu o pai, o Sr. Paulo Romero, pois este morreu quando a menina tinha apenas 23 dias. Sua mãe, a Srª Dª Francisca Fernandez de Córdoba de Romero, apesar da perda de seu esposo, cuidou com esmero da educação dos seus dois filhos: Francisco Luís e Reglita.
Quando criança Reglita gostava de dar esmolas aos pobres, e brincava fazendo procissões com seu irmão Francisco, tinha um carácter muito vivo e alegre.
Ao fim de seis anos de viuvez, os filhos já podiam ingressar em Colégios Internos, Dª Francisca levou Francisco para o Colégio dos Jesuítas de La Guardia e Reglita para o Colégio de São Fernando das Filhas de Nossa Senhora. Com os filhos bem entregues e provisoriamente liberta da tarefa da educação, Dª. Francisca entrou, no Mosteiro da Ordem da Imaculada Conceição de Hinojosa del Duque, por um longo período, como senhora de “Piso” (não podia ser religiosa, pois lhe impediam os seus deveres de mãe), onde era Abadessa, madre Maria Teresa Romero, sua cunhada e tia paterna de Reglita.
Sempre que visitava a mãe, Reglita não escondia o seu desagrado por ver a sua mãe atrás das grades do Mosteiro, Dª Francisca acarinhava o desejo maternal de, juntamente com a filha, se fazer religiosa, contudo nada fazia prever que a menina tivesse inclinação à vida religiosa, pelo contrário.
O Padre Francisco Romero, capelão do Mosteiro, tio paterno de Reglita, irmão da madre Maria Teresa Romero, logo cunhado de Dª Francisca, não lhe pareceu conveniente que a menina continuasse a sua educação no colégio, pelo que era necessário que Dª Francisca regressasse ao lar a fim de continuar a educação da menina, como era seu dever.
O dia 12 de Julho de 1894 foi o dia escolhido para Dª Francisca sair do Mosteiro. A tristeza provocada pela saída custou à jovem viúva a doença. Ela pedia ardentemente para que Reglita tivesse vocação religiosa, mas a menina não suportava sequer ouvir falar no assunto.
Reglita perde a sua mãe, que morreu com apenas 36 anos de idade, tinha Reglita apenas 10. Dª Francisca, ao chegar à presença do Senhor, obteve aquela graça que tanto tinha desejado, a vocação religiosa para a sua filha.
Quero ser religiosa… quero ser de Deus para sempre
Reglita, com o coração triturado pela dor, abraçando-se ao seu tio paterno, sacerdote e capelão do Mosteiro Concepcionista de Hinojosa del Duque, exclamou: “Quero ser religiosa. Leve-me ao Convento. Quero ser de Deus para sempre”.
Obtiveram-se as licenças necessárias e a 9 de Junho de 1895, apenas a um mês e meio da morte de sua mãe, era a festa da Santíssima Trindade.
Na manhã em que entrou para o Mosteiro a madre abadessa e tia paterna perguntou-lhe: “Regla, tens mesmo muito desejo de entrar? Não quererás ir-te embora amanhã?”
Ao que a menina respondeu: “Ah, isso não o sei, depois de experimentar o que se vive ai dentro, responder-lhe-ei”.
À tarde, acompanhada pelo seu tio sacerdote, chegou à porta da clausura do Mosteiro, ajoelhou e pediu-lhe a bênção e cheia de alegria entrou.
Não queria a madre abadessa que no primeiro dia se levantasse cedo, contudo não foi necessário acordá-la, estando a comunidade a rezar o Ofício Divino, apresentou-se no Coro. Entrou com muito respeito e devoção e colocou-se ao lado da madre abadessa e ali permaneceu durante toda a meditação e a Missa.
Naquela primeira manhã, no refeitório a madre perguntou-lhe: “Regla, quando pensas ir-te embora?”
Resposta pronta da menina: “Nunca, nunca”.
“Ontem disseste-me que não te decidirias até experimentares”, retorquiu a madre.
“Pois já estou decidida – respondeu – quando entrei no convento experimentei como é bom estar aqui. Ficarei para sempre. Para sempre”.
Como são belos os caminhos de Deus! Ele transforma os corações que são dóceis ao Seu chamamento. A Comunidade Concepcionista que havia chorado a morte de sua amada irmã Dª Francisca, exultava de alegria por abrir as portas da clausura do Mosteiro à sua filha Reglita.
Passados quatro dias da sua chegada ao Mosteiro, dia 13 de Junho, festa de Santo Antónia e naquele ano solenidade do Corpo de Deus, Reglita faz a 1º Comunhão e participa da felicidade de viver em Comunidade. Também participa dos exercícios espirituais onde retira profundos desejos e meditações: “Para conservar o Amor Divino em meu coração, pensarei em Deus com a maior frequência que possa, oferecendo todas as minhas obras e fazendo tudo por seu amor. Buscarei em tudo a sua maior glória e a salvação das almas.”
No dia 2 de Julho de 1900, na altura esta era a data da Festa litúrgica da Visitação de Nossa Senhora, com 15 anos, Reglita começa o noviciado com o rito da tomada de hábito e passa a chamar-se sor Doce Nome de Maria e continua edificando a comunidade do seu mosteiro com as suas virtudes.
Seu irmão Francisco, entretanto, a 15 de Agosto de 1900, entrara no noviciado da Companhia de Jesus, em Loyola, e a 17 de Outubro do mesmo ano, morre como noviço da Companhia de Jesus, deixando belos exemplos de virtudes.
… partiu para a eternidade…
Alguns meses após a morte do seu irmão, a jovem noviça, sem nada o fazer prever, pois era muito saudável, adoece e a doença vai-se agravando dia após dia.
Na manhã do dia 11 de Fevereiro de 1901, festa litúrgica de Nossa Senhora de Lurdes, sor Doce Nome, ao saber de uma idosa monja que estava muito doente e que acabaria por morrer no dia seguinte, comenta: “Que dia lindo para se ir para o Céu. Que sorte tão ditosa”. Ao entrar no Coro e enquanto se ajoelhava, durante a elevação da Hóstia, ao inclinar-se profundamente para adorar o Senhor e beijar o chão, veio-lhe uma fortíssima tosse e um forte vómito de sangue, todas as Irmãs a socorrem e invocam a Santíssima Virgem. O sacerdote que celebrava a Santa Missa, tio paterno de sor Doce Nome, subiu imediatamente da Igreja ao coro das monjas e encontrou-se com a jovem noviça em agonia. Num momento de algum alívio, sor Doce Nome pronunciou os votos religiosos e estando diante do Sacrário, num suspiro de amor pelo Celeste Esposo, este terno e delicado pé de açucena branca, partiu para a eternidade, de onde continua a perfumar a Ordem da Imaculada Conceição e a Igreja, com o seu pueril, mas adulto e abrasado testemunho de vida evangélica, ao jeito de Maria Imaculada e nas pisadas de Santa Beatriz da Silva.

1 comentário:

Água Viva disse...

Conheço superficialmente a vida desta jovem monja Concepcionista há vários anos... confesso que me parecia um tanto surrealista e esquisita... entrar para o mosteiro com 10 anos!?!?! Beatices "marcianas"... pensei. Hoje por acaso dediquei-me a ler a sua vida. Se Deus fez maravilhas na vida de Francisco e Jacinta Marto... bem pode sor Doce Nome oic fazer parte do grupo.
Fiquei encantadoramente maravilhado e rendido com a inocente, fresca, pueril e evangélica maturidade desta menina que terminou a sua "santa carreira" com 15 anos. De factos, é dos pequenos o Reino dos Céus. Aqueles que se abandonam com fidelidade à Vontade de Deus, tenham a idade que tiverem, voam alto... voam para o mais Alto.
Não resisti a partilhar convosco. É um pequeníssimo resumo e muito limitado, se calhar insuficiente para mergulhar nos milagres que o Deus Uno e Trino operou na vida desta jovenzinha monja DA Imaculada Conceição que seguiu com uma fidelidade assombrosa e luminosa o caminho iniciado por Santa Beatriz na Igreja.
Bendito Seja Deus pela Luz que nos concede na vida dos santos.