terça-feira, 22 de julho de 2008

MONJAS CONCEPCIONISTAS EM FORMAÇÃO
As monjas de vida contemplativa a fim de realizarem, cada vez melhor, a sua missão na Igreja, recorrem a diversos meios, entre eles encontramos a formação nas suas várias dimensões: humana, cristã, consagrada, contemplativa e Concepcionista.
A formação permanente capacita as Monjas para seguir a Jesus Cristo com uma maior radicalidade e entrega e viver, a partir da contemplação, o Evangelho e o mistério da Imaculada Conceição, segundo o estilo de vida de Santa Beatriz da Silva (CC.GG art. 125).

Para conseguir obter estes objectivos, a Confederação de Santa Beatriz da Silva, em Espanha, promoveu nos passados dias
4 a 10 do presente mês de Julho, mais um encontro formativo em Madrid, na Casa de Exercícios das Missionárias Cruzadas da Igreja, orientado por duas leigas doutoradas em Teologia, respectivamente: Marifé Ramos e Rosário Ramos. Contou com a participação de cerca de 36 Monjas com idades compreendidas entre os 30 e os 45 anos. Os temas abordados foram diversos: a contemplação, a vida comunitária, o sentido do sofrimento e os três conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência.
A contemplação é uma resposta a Deus que nos contempla e nos ama. É fruto de uma busca mútua, de duas sedes: a de Deus e a nossa, que se fundem num encontro a que chamamos oração. É um processo de enamoramento crescente de Deus. Faz-nos sair de nós e abre-nos ao transcendente. Deixamos de ser senhoras da nossa vida e Deus passa a ser o Senhor da nossa existência. Contemplar é uma aventura, que não evade da realidade, mas, pelo contrário nos faz mergulhar e permanecer no coração do mundo.
Nós somos chamadas a viver a vida contemplativa em comunhão fraterna. Esta é uma dimensão importante da nossa vocação Concepcionista, pois é atravessada e fundamentada por ela.
Não há vida comunitária sem conversão. Sem adquirir atitudes e valores evangélicos como a paciência, a espera, criar capacidade de acolhimento e oferecimento para todas, dentro de nós mesmas, possibilitar espaços de encontro e comunhão, fraternidade, não é possível a verdadeira vida comunitária. Trata-se de ir caminhando para uma atitude de despojamento, como Cristo, irmão de todos e companheiro de caminho; crescer em atitudes de inclusão, serviço, escuta, respeito e valorização do diferente, diálogo, confiança, aceitação, empatia, interesse e correcção fraterna.

O sofrimento é um mistério que sacode cada ser humano, que põe à prova as nossas relações fraternas e nos desperta interrogações sobre Deus. A dor faz-nos experimentar a nossa fragilidade e converte-se em lugar teológico onde experimentamos Deus.
“Deus amou tanto o mundo, que lhe deu o Seu Filho unigénito”. Deus entrega aquilo que nós não entregaríamos nunca. Na Cruz manifesta-se este mistério de amor. Um mistério que atrai, seduz, torna feliz e impele a servir os outros.
A obediência de Jesus é o princípio normativo do discipulado. Para Jesus, a liberdade pessoal consistia em fazer a vontade de Deus. O voto de obediência tem nesta experiência filial o seu fundamento. É preciso descobrir a voz de Deus no nosso interior, na nossa consciência essencial e actuar em conformidade com ela. Precisamos de aprender a escutar, a conhecer e a discernir, os movimentos de Deus no nosso interior e a ser dóceis ao Seu projecto de amor.

A castidade consagrada é uma forma de viver o amor gratuito. A afectividade é constituída por um duplo movimento, ser amada e amar. É a abertura de coração a todas as pessoas. É esvaziar-se de si, deixar de viver de forma egocêntrica e passar de um amor sensível e obrigatório a um amor gratuito permanente.
Analisámos também, os diferentes tipos de relação e a evolução da afectividade nas suas diversas etapas.
O voto de pobreza foi estudado desde a perspectiva da aceitação das próprias pobrezas pessoais e comunitárias. Foi um convite a descer ao “húmus” da nossa realidade pessoal e à reconciliação, para que brote a vida. Para viver a pobreza, torna-se necessário fazer um caminho de descida para viver desde as entranhas com os mais pobres da terra. Jesus convida-nos a valorizar o pequeno, a purificar os nossos olhos, a acariciarmos as pobrezas, pois através delas captamos e sentimos, com mais realismo, o amor de Deus.

Estes dias de encontro formativo e de convívio fraterno foram vividos num clima de muita alegria e de interesse por assimilar e personalizar os conhecimentos e experiências partilhadas. A liturgia foi um eco desta verdade, em que irmãs de diversas culturas expressaram a sua forma própria de encontrar-se com Deus e com os irmãos.

No próximo ano, de 30 de Junho a 6 de Julho, voltaremos a encontrar-nos, para encetar uma nova etapa no nosso percurso formativo-concepcionista, com desejo de podermos viver, com renovado entusiasmo, o ideal de Santa Beatriz: imitar a Imaculada, Virgem e Mãe de Deus.
Sor Magda Maria da Cruz, oic
monja do Mosteiro da Imaculada Conceição de Campo Maior

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